janeiro 03, 2003

The Lurker em conflito social (ou tem gente que tem razão mas não sabe reclamar)

Inicialmente cabem alguns esclarecimentos: até que nossas salas novas fiquem prontas, a equipe de Avaliação está temporariamente ocupando um espaço no térreo do prédio da Associação Brasileira de Municípios (ABM) – prédio que se situa ao lado do da UNESCO. Este fato já gerou situações inusitadas e esta foi mais uma delas.

Estamos concluindo uma reunião quando um sujeito entra e interpela nossa secretária sobre alguma coisa da ABM, com a qual não temos qualquer contato profissional. Não obstante os esclarecimentos, o sujeito derrama sobre nosso grupo toda sua carga de frustrações contra o sistema (do qual, em sua visão, devemos fazer parte). É preciso que se diga: todo o grupo tem uma preocupação com o bem-estar social e todos já pesquisaram, de uma forma ou outra, as situações que ele agora descreve. Ocorre que é totalmente ineficiente destilar isto sobre este grupo em particular: não dispomos de qualquer meio para ajudá-lo – e, justamente por já ter pesquisado antes, não vamos contribuir com dinheiro para o que quer que seja.

Acalmado o cidadão, ele se vai. Entretanto, volta depois para dizer, pela janela, outras tantas coisas justamente à Jéssica, a secretária. E é aí que eu perco a paciência: ele tem o direito de se expressar, mas não somos repartição pública. Mesmo que fôssemos, não cabe achacar justamente a pessoa que, claramente, menos tem como interferir na situação! E destratar gente da minha equipe, que é pequena mas dedicada, é pedir encrenca comigo.

O que mais me aborrece é o fato de que, até certo ponto, considero legítimas as demandas e queixas do sujeito. Mas não adianta reclamar com o bilheteiro se o filme é ruim! E não venha me destratar a moça em Brasília porque o PSDB “está roubando a bolsa-escola no Amazonas”. No fim das contas, a revolta é a mesma, mas em níveis diferentes (e eu achando que não era hipócrita)...

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